terça-feira, 19 de março de 2013

Caos Particular


Eu queria ter covinhas, meu dedão do pé é gordo, minha mão é gorda, meu cabelo não é grosso como eu queria que fosse e eu tenho celulite. Além disso, sou impaciente, cabeçuda, coloco muito sal na comida e exagero com a pimenta. Quer saber mais? Nunca aprendi a descascar laranjas, fico horrível de roupa marrom, meu dente entortou depois que o siso nasceu, meu dedão da mão direita é diferente do da esquerda, não tenho cintura e sou péssima em matemática. Conto nos dedos até hoje, detesto lavar panelas, não gosto de shopping, não tenho paciência para supermercados, não consigo curtir assistir vídeos e me arrepio só de ver uma lagartixa ou barata.
 Meu guarda-roupa vive bagunçado, não sei lavar roupa, não sou lá muito chegada em tarefas domésticas e nunca consegui plantar bananeira. Tenho alguns medos que não me deixam, um pensamento acelerado e um humor terrível quando estou com sono ou fome.  Sou irônica, debochada e maldosa quando quero.
Já tive pensamentos ruins a respeito de muita gente. Mas não se preocupe: já pensei coisas ruins de mim também. E sobrevivi. Tem dias que eu só sobrevivo. E tem outros que nem eu me aguento. De vez em quando tenho vontade de colocar o pé no mundo,  mas fico com preguiça até mesmo de sair da cama.
 Fico um pouco receosa em relação ao futuro, sabe como são as dúvidas, elas vivem nos cercando. Me preocupo demais com a minha vida, com a sua, com a de gente que mal conheço. Me importo demais com coisas, pessoas e situações que não têm tanta importância assim, não. Crio caso com pouca coisa, não sou tolerante, fico nervosa à toa e dou corda para construções tortas de pensamentos toscos.
 Deixei algumas oportunidades escaparem pelos meus dedos. Já me arrependi de ter falado. E de não ter dito nada quando devia dizer. Acabei me acostumando com o que não deveria. Me frustrei por não receber o que esperava, depois me culpei por ter esperado algo: a gente nunca deve esperar nada, nada, nada de alguém. Já me decepcionei com quem era importante pra mim e descobri que é assim mesmo: a gente magoa e é magoado a todo instante. E a vida é assim mesmo, muito obrigada.
 Nunca acreditei em lobo mau, bicho papão e mula sem cabeça, mas tenho lá meus fantasminhas e demônios que insistem em me atormentar faça chuva ou faça sol. E eu procuro me esconder embaixo da cama, entrar em labirintos, procurar esconderijos. Nem sempre consigo. Às vezes, não acredito em mim e dou muita bola para o que dizem, Então, respiro fundo, tento me achar no meio desse caos que eu sou e penso: mesmo defeituosa, eu mereço alguma paz. E vou em busca do que eu acho certo. Custe o que custar.

Um comentário:

  1. Adorei, me identifiquei super. Vi que você tbm é sagitariana, deve ser por isso que me identifiquei com suas postagens. rs
    Sua postagem me lembrou um textinho que eu gosto muito, ele diz assim: "Tá tudo tão legal, e um legal tão batalhado, um legal merecido, de costas e pernas doendo, mas coração tranquilo.Não puxo saco de ninguém, detesto que puxem meu saco também. Não faço amizades por conveniência, não sei rir se não estou achando graça. Odeio dois beijinhos, aperto de mão, tumulto, calor, gente burra e quem não sabe mentir." ;)

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