Sexta-feira.
Podia ser 13. Mas quase. Sexta 12.
Podia sextar mas sextei sentindo cada parte do meu corpo latejando e me lembrando da dor e delicia que é ser mulher.
Tomei coragem e dirigi até a farmácia. Quase aos prantos. Queria chorar de dor. Queria chorar porque estava furiosa com o universo, perguntando POR QUE RAIOS temos que passar por isso. Queria chorar porque queria chorar e tpm tem dessas oscilações de sentimentos que vão desde chorar até se tocar funk e no segundo seguinte desejar ser uma beyblade para sair girando com a mão fechada socando todo mundo.
- Moça, pois não. O que você tem? - me perguntaram.
- Vontade de dirigir até a próxima ponte e pular de cima dela.
Rimos muito. Ele sem entender. Eu, de desespero.
- Moço, falo sério!
Tentei explicar que tudo doía. Respirar doía. Explicar para ele o que doía estava doendo.
- Leva esse remédio. Você vai melhorar.
Vinte e nove reais!
A gente paga por ser mulher. A gente paga para não sentir a dor que daqui um mês vai voltar te assombrar de novo. Não dói porque bebi muito e estava de ressaca, ou porque fiquei no sereno e minha garganta ficou zoada ou porque tantos outros motivos.
Tudo estava doendo porque aquele dia do mês havia chegado e parecia que alguém havia tacado fogo em mim e apagado na tamanca.
Passei 24 horas sendo corpo morto. Só existindo. Sem reação. Só conseguia pensar: Eu tô morrendo?
Cada parte do meu corpo gritava comigo do quanto dói ser mulher. E a outra metade gritava que queria sorvete e um pedaço de chocolate.
Na dúvida, afoguei as mágoas em uma cartela de Dramin e outra de Ponstan (esse não é um conto patrocinado, mas obrigada indústria farmacêutica).
24 horas e eu estava viva de novo. Como se n a d a tivesse acontecido. Comemorei com excesso de cerveja.
E agradeci pelas dores do domingo serem da ressaca.
Falta muito pra menopausa?