segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Academia rende atestado médico?



A segunda-feira começa sambando na minha cara às seis horas da manhã quando meu despertador ainda nem tocou e eu acordei sabe se lá o porquê antes dele.
Viro pra cá, viro pra lá. Dou uma passeada pelo Instagram. Tento voltar a dormir. Respondo uma mensagem. Olho de novo: 06h30min. A hora não passa. Não consigo voltar a dormir. Despertador tocou as 7. Ok! Preciso levantar.

Me arrasto para a cozinha, faço a água com limão que a gente deseja que fosse cerveja com cdb, tomo café e vamos para o primeiro dia de academia.
Nem sempre fui hater de academia. Já gostei e se pudesse, dormia nela. Quando eu tinha 19 ou 20 anos. Quando eu tinha disposição, tempo e não fazia muita coisa da vida. Quando o metabolismo era mais acelerado que Ivete Sangalo em meio ao Carnaval. Hoje ele tá mais pra Caetano Veloso e bossa nova. Mais lento do que eu quando escuto piada de pontinho.

Subi na esteira para os 5 minutos de aquecimento e do meu lado tinha uma senhorinha, com seu batom cor de rosa às sete e meia da manhã, esbanjando disposição e sorriso à toa, com um pique de quem naquele momento subiria o Everest tranquilamente, pulando em uma perna só. E eu parecendo um galo que saiu de uma briga. Uma olheira que encostava no meu queixo, cabelo desgrenhado e mal conseguindo abrir o olho para enxergar o que eu estava fazendo da minha vida.

Voltar a academia é sempre uma missão, porque você precisa aos poucos se inserir nesse grupo. Você fica atrás do professor igual uma barata tonta, para perguntar sobre aquelas coisas que estão da sua ficha, que está tudo abreviado, cheio de consoantes, mais parecendo um texto russo. E você faz tudo o que precisa fazer, mas mentalmente planejando como vai fingir um desmaio para poder sair dali carregada e não precisar nem ir embora andando.

O professor passa por mim, de tempo em tempo e me pergunta: ‘Tudo bem?’
Amigo, olha para minha cara de quem tá bem essa hora da manhã enquanto podia estar dormindo esparramada na minha cama.
E não seja essa pessoa incentivadora que fica ‘Boa campeão!’, ‘Vai, você consegue!’, ‘Isso, muito bom!’. Porque acidentalmente pesos de academia caem na cabeça das pessoas sem a gente nem ver. Que loucura, não?
E a gente escuta: ‘Ah, mas o que você busca aqui na academia?’
Querido, eu vim em busca de comprar carne. Meio quilo de patinho, tem? Consegue moer duas vezes?

E saímos da academia com a nossa perna parecendo que tem vida própria. A gente não consegue pisar na embreagem, trocar a marcha, tudo treme, tudo conspira contra você. Você agarra na mão da Nossa Senhora do Gym e vai. Já calcula o Dorflex dos próximos dias.
E você foca no verão que se aproxima. Você foca em ter conta bancária gorda e corpo magro.

Escrevi esse texto e eu comecei a rir.
De desespero.
Vem verão!
E que o verão não seja a Aline Riscado sambando seu tanquinho na nossa cara, enquanto o que temos mesmo é uma máquina de lavar.

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