sexta-feira, 20 de maio de 2011

Perda da inocência


Estive olhando algumas velharias. Abri uma caixa do passado, e me surpreendi com tamanha saudade que me veio a tona.
Tantas fotos, cartas de amor não enviadas, cartas de amigos, bilhetes, correios elegantes e tudo o que já fez parte da minha vida.
Abri o meu diário. Ai! Como era gostoso ter meu diário e todos os dias desabafar o mundo nele, como se fosse o amigo mais próximo, e que sempre iria me escutar sem falar absolutamente nada.
Quanta inocência!
Nessas horas percebo o quanto amadureci, o quanto me tornei mais mulher, sem nem me dar conta disso.
A total perda de inocência, por que o mundo hoje exige isso de nós.
Aprendi o quanto o ser humano pode ser medíocre, hipócrita e fútil. O quanto o mundo é cruel e a vida esfrega isso em nossa cara todos os dias em que levantamos da cama.
Infinitas vezes caí, e doeu. Como doeu! Uma dor que às vezes parecia rasgar o peito.
Perdi tantos amores que eu acreditava ser pra sempre.
Tantas pessoas queridas que vi partir. E contra a vontade de Deus, nada podia fazer.
Tantos amigos que jogaram sujo, e tantos também que fiz um mal danado.
E hoje, devo tudo o que sou, minha maneira de pensar e de levar as coisas, a isso tudo e uma vida inteira de decepções. Criei minha própria defesa.
Hoje eu entendo a Lei do Retorno, não desejo mal, abstraio sede de vingança, e o ódio não toma mais nenhum espaço em mim.
Sim! Eu ainda tenho um coração que ama, que sofre, que se apaixona, que me faz sorrir bobo.
Passei a entender que, ninguém vai me respeitar e gostar de mim, se antes de mais nada, eu não os fizerem.
Às vezes o passado surge assim, de forma inesperada, ocupando todos os lugares da sua mente.
Como diria o fantástico Caio Abreu ‘ a carne é fraca, a alma é safada e o diabo ainda atenta.’
Mas viva com ideais, com experiências. O desejo trai, mas é só olhar pra frente e não cair de novo.
Afinal, já não doeu uma vez?

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